Diário da Serra
Diário da Serra

EM EXPOSIÇÃO – Artista plástico retrata história de Tangará da Serra em pinturas a óleo

Fabíola Tormes / Redação DS 17/05/2022 Cultura

Artista plástico retrata história de Tangará da Serra em pinturas a óleo

Cultura

Os obstáculos da difícil travessia, a mata densa, os animais espreitando junto às picadas abertas por pioneiros, a chegada das caravanas de todas partes do país trazendo consigo famílias inteiras, a maioria procedente do Paraná, São Paulo e Minas Gerais e muito mais.

Essas histórias e muitas, muitas lembranças, como a dificuldade enfrentada pelos desbravadores para subir a Serra Tapirapuã estão sendo retratadas pelo artista plástico, cantor, comunicador e Mestre em Educação Ambiental, Francisco Maciel Barbosa, em sua mostra de pinturas a óleo.

“E me visto com o meu melhor sorriso para estar e compartilhar do meu sentimento de amor e assim comemorar os 46 anos de emancipação de Tangará da Serra”,
comemora o artista plástico,

que atualmente reside em Brasília, mas com sua família viveu em Tangará da Serra na época em que a Avenida Brasil era de terra.

Assim, com suas obras inéditas, retrata observações singulares e poéticas em ver, viver e sentir na vida.

“Tomei a iniciativa de fazer um breve relato sobre a origem e a forma da definição do nome da nossa querida Tangará da Serra. (…) Não trago resultado de pesquisa científica, porém, relato algumas informações obtidas nas minhas conversas, estudos e observações de quem viveu parte da vida nesta cidade”.

A exposição individual, que retrata a história do que Tangará da Serra já viveu durante seus 46 anos, seguirá durante esse mês de maio, na Prefeitura Municipal, para visitação de alunos e população em geral durante horário de expediente.

“Um mês inteiro em comemoração ao aniversário de Tangará da Serra”.
  • Mais sobre o artista:

Francisco Maciel é Mestre em Educação Ambiental, criador da palavra Cerradania com o livro Cerradania: “alumeia e óia pros encantamentos dos cerratenses”.

Inova na arte de pintar a óleo por iniciativa independente e ampla na arte contemporânea. Definiu sua linha de pesquisa por sua trajetória de vida; História dos lugares, Meus amores (cenas do cotidiano) e Meio Ambiente (cerrado).

Atua por sua sensibilidade artística sobre as telas pinturas à óleo, valorizando e enaltecendo as belezas do cerrado e as consequências contemporâneas das ações humanas neste território que refletem por algumas citações a danos e agravos ao meio ambiente e aos povos tradicionais deste território.

Mato-grossense de Nortelândia, ele é filho de Dona Deusa e Seu Antônio Rodrigues Barbosa, seus referenciais de vida e luta do Novo Mato Grosso (referência que o pai fazia para a região).

Casado e pai dos gêmeos Renan e Rene nascidos em Tangará da Serra. (Com informações Serra FM)


Confira algumas pinturas da exposição e suas histórias

  • Caminho a Tangará da Serra

Inicialmente a maior dificuldade enfrentada pelos desbravadores era transpor a Serra Tapirapuã e de Nova Olímpia marchavam a pé até Tangará da Serra durante dias, pois não existia estrada que permitisse o uso de veículos.

Entre 1961 e 1962 foi aberta, em regime de mutirão, uma estrada ligando Tangará da Serra a Barra do Bugres, mas ainda assim a subida permanecia dificultosa e de grande obstáculo aos veículos.

Década de 60 a 70 de Cuiabá cerca de 240 km a ser percorrido com muita emoção e determinação, escorregando e atolando. A situação da estrada do Novo Mato Grosso era precária e toda de terra com e obstáculos em todos os seus trechos.

A Transportadora que era a T. I. Baleia (Transportadora Intermunicipal Baleia) e os ônibus que saíam, nem sempre chegavam.

Um momento peculiar ocorria na Rodoviária antiga de Cuiabá, no serviço de som com uma voz estridente anunciava: “Atenção passageiros com destino a Tangara da Serra, passando por Jangada - Barra do Bruges - Assari - Nova Olímpia – Progresso e Tangará, embarque na plataforma 1 pela Transportadora Intermunicipal Baleia”.

O trecho que amedrontava a todos era mesmo a subida da Pedra Solteira da Serra Tapirapuã – imponente - bela - naturalmente estruturada, divisor de município e que se tornou um dos símbolos do município.

Um acontecimento curioso era a chegada da Baleia na cidade de Tangará, que disparava sua buzina assim comunicava e festejava a conquista pela conquista.

  • Produção agrícola

Carroças com elas eram realizadas os transportes interno de grande parte da produção de grãos de Tangará – milho, arroz, café, feijão entre outros. Enfim a boa fertilidade do solo na região propiciava produzir de tudo.

A carroça servia para minimizar a forte demanda de logística local. Inclusive por algum tempo era o veículo responsável pela coleta de lixos na cidade.

  • Poaia

A poaia fez surgir na confluência de dois rios, o Rio do Bugres e o Rio Paraguai, um povoado denominado de Barra do Bugres.

Na perspectiva geográfica e histórica da região a área do município de Tangará pertencia a Barra do Bugres, cujo território era ocupado por índios, remanescentes quilombolas e migrantes. O espaço já foi visitado pela Comissão Rondon e também pela Coluna Prestes, fatos que são marcados em monumentos como “lugares de memória”.

Pode ser usada contra hemoptise, hematúria, leishmaniose, dispneia, difteria, envenenamento, catarro crônico intestinal, cólica, tenesmo, infeção intestinal, disenteria amebiana, irritação da garganta.

Por ser muito mais fácil mexer com a planta quando a terra está molhada, é costume “poaiar” no tempo da chuva.

O patrão de poaia é aquele que “mantém” o poaieiro e sua família no período da extração da poaia ou fora dela. O desligamento do poaieiro do seu patrão só acontecia quando ele saldasse suas dívidas. O patrão da poaia sempre estava no comando político local. A relação de compadrio também existia entre poaieiros e patrões.

Tangará da Serra e Mato Grosso se beneficiaram muito da economia da poaia, entre outros ciclos econômicos. Planta medicinal, chamada cientificamente de Psychotria ipecacuanha (Poaia), que foi responsável por movimentar a economia de alguns municípios do Estado de Mato Grosso, durante as décadas de 50 e 60.

“A poaia chegou a ser apelidada de ouro preto de Mato Grosso. O foco principal era nas suas raízes, ela virou moeda de troca, principalmente em regiões como Barra do Bugres, Cáceres e Tangará da Serra e o pico de extrativismo de poaia ocorreu no século XIX, a partir de 1835 e se tem relatos e registros que se retirava em torno de 440 toneladas por ano, isso até 1945”,
(Patrícia Campos da Silva).
  • Avenida Brasil

O principal eixo de comércio e acontecimentos da cidade sempre foi a Avenida Brasil no dia a dia do comércio.

Duas estações bastante visíveis por suas condições de tráfego: Poeira (seca) e Lama (chuva).

 

  • Primeira sede oficial do município

Não poderia ser diferente, o Poder Executivo e Legislativo foi instalado em um prédio todo em madeira.

Era assim a partir de 1976. A grandiosidade estava na vontade desses bravos e destemidos pioneiros.

 

 

 

  • Avenida Brasil e a Igreja

A movimentação sempre intensa de gente carregada de esperança e sonho.

Realizações de atividades de diversas formas dos migrantes.

Por sua importância histórica sempre esteve na Avenida principal da cidade.

Construída inicialmente pequena e com tábuas mudou várias vezes de local e sempre no centro da cidade.

  • Cafeicultura

Dentre tantas atividades agrícolas desenvolvidas na região, a cafeicultura sempre foi um grande destaque. Por possuir terras de boa fertilidade a produtividade sempre representou uma atividade de bom valor econômico.

Tangará da Serra, como outras cidades da região, viveu alguns ciclos importantes da economia nacional, e a lavoura cafeeira teve sua importância no seu desenvolvimento, além do milho, arroz e depois da soja, à qual se proliferou pela região e acabou se tornando, anos mais tarde, parte do mundo que mais produz esse cereal.

A cafeicultura se destacou por ser uma atividade que propiciava o compartilhamento da agricultura familiar e uma boa renda.

  • A voz da cidade

Começa ali os primeiros passos da comunicação pública da cidade.

Algum momento para executar as músicas de sucessos de época e principalmente transmitir informações sobre o nosso cotidiano.

Era forte um momento de execução de uma música fúnebre que anunciava uma morte.

  • Festa na cidade

O principal e mais importante era indiscutivelmente a Avenida Brasil.

Desfiles, comemorações, festividades tudo passava pela avenida.

  • Balneário Ararão

Local muito utilizado para o lazer era ponto de encontro. 

Por ser próximo a cidade, o acesso era resolvido a pé, bicicleta, a cavalo, carroça e outros meios.



Diário da Serra

Notícias da editoria